quinta-feira, 17 de março de 2011

Meu cabelo enrolado...

Estávamos almoçando no domingo com a TV ligada e passava uma entrevista da Thaís Araújo (tudo bem que não sou muuuito fã dela, mas...). Ela falava sobre o preconceito que viveu durante a adolescência, mas não aquele que você percebe, mas o pior de todos: o velado.
Dizia que estudou a vida toda em colégios particulares e que não tinha lembrança de um amigo negro na sala dela, e disse que nunca ficou ou namorou alguém da escola, enquanto as amigas delas beijavam horrores. Nas festas também ninguém a chamava para dançar.
Engraçado porque me vi ali. Conto nos dedos de uma mão quantos amigos negros estudei. Professor então, só um que foi um exemplo e tenho um carinho enorme por ele até hoje, meu amado Anísio, o Axé.
Eu também nunca fiquei com uma pessoa sequer da minha escola, enquanto minhas amigas...
Lembro de uma situação que vivi que me fez chorar , sentir uma decepção e nojo de todas aquelas pessoas por dois dias. Estávamos no terceiro ano, e os meninos (com que a maioria estudei desde o início da adolescência) faziam uma lista das meninas mais bonitas. Naquela época estudava um belga na nossa sala, o Dieter (que foi quem me contou esta história chocado). Na hora que a lista foi para as mãos dele, colocou meu nome. Alguns dos meninos (ele não quis citar  porque senão na época ele sabia que os mataria), disseram:
-Mas a Mariana?
Ele sem entender, falou
-Qual é o problema? Acho ela bonita
-Ela é gente boa, mas é preta.
Quando ele me contou, fiquei em choque.
Não me importava aparecer naquela lista como uma das meninas mais bonitas (nunca apareci mesmo), mas me cortarem dela porque sou negra...
Chorava porque muitos deles tinha ajudado em inúmeras coisas, inclusive frequentavam a minha casa.
Tive tanta raiva, decepção, nojo que não conseguia olhar para a cara de nenhum deles durante muito tempo.
Depois, tive pena. Pena por eles terem tido uma criação tão pobre, medíocre e serem tão pequenos. O Brasil tem uma mistura deliciosa. Minha família mesmo é uma salada de frutas: meu bizavó era filho de suecos (meu tataravô nasceu lá) e minha biza era índia mesmo. Minha avó por parte de mãe é branca e tem um olhos verdes lindos! Na parte do meu pai, meu avô era negro e minha avó italiana com portugês. Hoje sou casada com filho de portugês e italiano. Helena é branca (infelizmente...rsrsrsr), com o cabelo meio cacheado e nariz de batatinha ( bem pouco).
Desde pequena meu pai (po ter sofrido muuuito preconceito na época dele) me fez ter orgulho do que sou. Amo minha cor, meus cabelos cacheados e meu nariz de battainha.
E sabe o que é o pior de tudo isso? É que assim como eu, existem histórias de pessoas gordas, magras, carecas, gagas, fanhas que já passaram por uma situação dessa.
É desprezível pensar que em pleno século XXI as pessoas pensem desta forma. E sabe o que é o mais irônico disso tudo? Que o destino é implacável! Muitos deles terão netinhos mulatinho e com cabelinho pixaco.

6 comentários:

  1. Oiii Mari!! Puxa eu lembro dessa história, lembro tb q naum entrei pq era gorda, kkkk...
    Preconceito eh a coisa mais ignorante do mundo, em especial o de cor, pq afinal naum eh quantidade de melanina q tenho na pele q define quem somos naum eh?! E negro eh lindo!! E vc eh linda!!! Te adoroo!! Tatah

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  2. Munito bom, concordo em núm., gênero e grau!!! Beijos

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  3. Mariiii, tem cada negão lindo nessa França... eee la em casa!! Ainda pego um!!!

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  4. Laurinha (Salvador - BA)17 de março de 2011 às 10:16

    É redundante dizer o quanto o preconceito é fruto da ignorância das pessoas, estudamos no mesmo colégio, realmente, pouquissimas crianças negras, mas tivemos a honra de termos tido um professor como o Anísio, pessoa simplesmente fantástica. Hoje, moro num estado com uma das maiores populações negras do Brasil e morro de orgulho de dizer que 2 dos meus melhores amigos são Negros!!! O mundo tem muito o que evoluir!!! Bjos Mari

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  5. É Tatah, eu tb era gorda e preta..hahahaha
    Tb te adoro viu?! Bjus!
    Piá, aproveite minha filhaaa!!!
    E Laurinha imagino a loucuira que deva ser aí. Já fui pra Porto Seguro e ameiii!!!
    heheh
    bjus

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  6. Mari... Deve ser mesmo bem infeliz aquele que não compreende que aparência é simplesmente "aparência" e perde a chance de ter ao seu lado alguém tão especial e inesquecível como você... E vem cá: como é que esses "cegos" não te viram tão linda (em físico, gestos, pensamentos e palavras)e com um dos mais maravilhosos sorrisos que já vi na vida??? Ê, Fábio sabido, hein?!?!
    Eu tenho o maior orgulho de ser a mistura que resultou numa branquela que curte o "piché natural" e foge das propostas de chapinhas aqui e ali - sempre que vou me arrumar pra alguma festa (tira a mão daí que meus cachos ninguém alisa!).
    No Evangelho de hoje Jesus cura o cego, abre-lhe a oportunidade de "ver" o mundo ao seu redor... Quem dera as pessoas quisessem ter um novo olhar sobre o mundo e as pessoas todos os dias...

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