Quando descobri que tava grávida foi um choque! Tinha acabado de mudar de emprego, fumava e quase que diariamente tomava umas cervejinhas...
Um dia no trabalho comi um pão de batata que não caiu legal no estomâgo, passei mal e fui pra casa. Chegando, o Fábio muuuiito mais esperto do que eu ouviu minha reclamação e disse com toda a calma:
-Má, vamos comprar um teste porque acho que você tá grávida.
A sensação que tive foi uma pancada na minha cabeça.
-Você tá doido? Eu tomo remédio, esqueceu?! É estresse Fá. Trabalhando muito e dormindo pouco.
Ele insistiu:
-Má, você tá com um sono que nunca teve, chorona, tá falando que seu quadril tá aumentando e hoje passou "mal do estômago"...e vem me falar que é estresse?! Tô indo comprar o remédio.
Aquilo caiu como uma bomba! Como eu puder ser tão burra! Justo eu que sempre acompanhei todo meu ciclo, nunca tinha me desligado. Justo este mês, justo um único mês que vinha atrasando os remédios e, confesso, esquecendo alguns dias. Enquanto esperava fiquei numa ansiedade que jamais imaginei senti. Fizemos o teste e naquele minuto de espera, quase enloquecia. Apareceu um risco.
-Tá vendo Fábio. Falei que era viagem tua. Um risco significa que nãos estou grávida.
-Má, olha o exame...
Quando olho, uma risca bem fraca surge. Naquele momento, naquele exato momento entrei em pânico. Parecia um filme com uma personagem que não era eu! Sabia que tava grávida, mas no fundo queria acreditar que aquele teste estava errado. Enquanto minha cabeça rodava, o risco não escurecia. Pronto! Esta foi minha desculpa!
-Tá vendo amor. No exame fala de duas listras fortes e não uma forte e outra clara, dizia isso com uma voz trêmula e um sorriso quase que descontrolado.
Ele, muito calmo disse:
-Má, vou comprar outro pra te acalmar ok?!
No segundo a mesma coisa. Em completo, pânico fiz o Fábio ir a farmácia comigo e pedir uma explicação. Quase aos prantos, conversamos com o farmacêutico que me respondeu:
-Olha moça, se você não estivesse grávida não apareceria risco nenhum, e tem um segundo risco aqui.
Pronto, foi o que eu precisava para entrar em completo pânico! Tinha acabado de mudar de emprego, me achava nova demais, que não era a hora. Liguei pra minha sogra, pra prima dele para ver se alguém falasse o que no fundo eu queria ouvir: que não estava grávida, no entanto, foi o contrário.
Neste momento, respirei fundo e resolvi ligar pra minha mãe. Essa, foi, sem dúvida o momento mais difiícil pra mim: falar pra minha mãe.Quando ela atendeu, enrolava, enrolava e no fim disse:
-Mãe, tenho certeza que tô grávida!
Um silêncio do outro lado da linha, até que ela perguntou porque eu achava isso. Expliquei, e acalmando me disse:
-Filha, calma! Faça um exame de sangue pra ter certeza e fica calma! Eu sei que você não queria filhos agora porque não era o momento, mas você e seus irmãos vieram nos momentos mais impróprios e não me arrepende de nenhum de vocês. Tudo tem sua hora...
Fiquei mais calma, e fui ai que pude perceber o Fábio.
Ele me olhava, com um sorriso no rosto, emocionado e ao mesmo tempo com medo. Eu tinha feito tanta coisas naqueles minutos que não tinha nem falado com ele direito. Quando nos olhamos, rimos felizes, mas em pânico. Será que eu seria uma boa mãe? Meu Deus, uma criança! Um menino? Menina? Eu mãe?!
Fiz o exame e deu positivo. Daquele dia em diante não coloquei um copo de cerveja ou um cigarro na boca. Abandonei minha vida boêmia. Agora era mãe e quando a ficha caiu fiquei emocionada em saber que dentro de mim tinha um pedacinho meu e do Fá.
A cada mês que ganhava peso, minha barriga crescia era uma novidade. Fui mandada embora devido à gravidez, mas não me abalei por isso, ao contrário, aproveitei para curtir aquele momento tão meu. E curti, como curti cada momento.
Com quase cinco meses, descobrimos que era uma menina. O Fábio sempre falava que queria uma mini Mariana: morena, cabelos como os meus, meus olhos, boca...só sem meu gênio!
Até que dia 1º de Maio minha bolsa rompeu. Acordei o Fábio e ele ligou para os pais dele. Havia uma paz inexplicável dentro de mim, uma serenidade e a certeza de que tudo iria dar certo. Já o Fábio, uma pilha! Brigando com médicos, tenso e nervoso como nunca tinha visto. Tive que acalmá-lo. No fim deu tudo certo e as 11:59 Helena nasceu. Ele entrou na sala de parto e repartiu comigo o momento mais lindo. Aquela menininha vermelhinha, cabeluda...tão frágil e ao mesmo tempo tão forte! Dali em diante sei o que é ser mãe e a emoção que é ter um serzinho tão dependente de você. Desse dia em diante, aprendemos juntas...
E hoje, Helena está com nove meses, um dentinho, olhos e cabelos que parecem um pouco os meus, bocas mãos e pés do Fábio, adora uma bagunça e está se acostumando com mais uma etapa da sua vida: a creche.